Desenganem-se...

Ponto prévio: apenas pude ver a segunda parte do encontro de hoje, pelo que tudo o que vou escrever tem este facto como base.


Desenganem-se, aqueles que crêem ver na goleada do FC Porto frente ao Nacional da Madeira (5-0) uma boa exibição. Na verdade, eu diria mesmo que a qualidade do futebol apresentado hoje no quase "deserto" Estádio do Dragão, foi praticamente igual à do jogo de há poucos dias frente ao APOEL (talvez uns furinhos acima, na melhor das hipóteses), a diferença esteve claramente na qualidade do (infinitamente mais fraco) adversário.

Vítor Pereira apresentou um 11 com 5 caras novas, no que não deu para perceber se se tratava de um "raspanete" aos titulares que estiveram em claro sub-rendimento no último jogo ou de mera gestão do plantel. Assim, Mangala rendeu Otamendi na defesa, Belluschi e Defour entraram para os lugares de Guarín e Moutinho, enquanto que na frente Varela foi titular em vez de J. Rodriguez tal como Walter na vez de Kléber.
Tal como já várias vezes referi, tanto Defour como Mangala têm qualidade mais que suficiente para serem titulares neste FC Porto. Voltei a gostar de ver ambos jogar, embora seja da opinião que no caso de Mangala ser titular, quem deve sair é Rolando e não Otamendi.

O primeiro golo foi produto da sorte que já por várias vezes me pareceu gostar de acompanhar o belga Defour. Num remate à meia-distancia, a bola bate num defesa do Nacional acabando por trair por completo o seu guarda-redes. O segundo golo acontece na marcação de um canto, a bola é desviada por Rolando de cabeça e acaba por ir parar a Walter que aproveitou assim para fazer o seu golo da praxe. Após este golo, mais nada de bom se viu de Walter durante o jogo todo.
Os restantes 3 golos surgiram já na segunda parte e com relativa naturalidade perante a passividade total da defesa Madeirense. Destaque para o belo quarto golo todo ele construído pelos jogadores que entraram na segunda parte: Guarín abre na direita para Moutinho que na cara do guarda-redes oferece o golo a Kléber. Por breves segundos, cheirou a futebol da época passada.

No computo geral, a exibição foi triste, desprovida de ideias. Outra coisa não seria de esperar.

Mas no meio disto tudo, houve uma pequena nuance que me dá alento para os desafios que se avizinham: fiquei com a nítida sensação que a equipa está muito unida e que os jogadores estão dispostos a se ajudarem uns aos outros. Isto ficou bem patente na forma como eles festejaram em conjunto os golos, bem como na forma como se perdoavam mutuamente quando um passe saía errado ou uma jogada não era construída da melhor forma.

Já vimos isto acontecer vezes sem conta: em momentos de crise, a mentalidade vencedora instaurada com sangue suor e lágrimas no clube por Pinto da Costa e que vem sendo passada ao plantel de geração em geração, vem ao de cima levando os jogadores a se superarem a si mesmos e aos seus problemas. Eu vi isso hoje. Vi isso quando o jogadores foram todos abraçar Moutinho após a assistência deste para o quarto golo. Vi isso quando Walter saiu e foi efusivamente acarinhado por Kléber e por toda a equipa técnica e voltei a ver isso quando Hulk bateu palmas aos diversos passes errados dos colegas em jeito de incentivo.


Uma mentalidade destas, construída ao longo de décadas, é muito difícil de quebrar e é o que nos dá esperança a nós portistas nos momentos de crise.
A época ainda nem a meio vai, ainda nada está perdido, pelo contrário, até já ganhamos um troféu...

Eu acredito.